Amor
Todos os dias têm sido iguais para o jovem Rafael, desde que conheceu o amor. Menino, ainda, estava caminhando tranquilamente pelas ruas a esmo quando seus olhos viram aquela que dominaria seus sonhos. Fernanda estava lá, parada, observando o transitar de pedestres, se bem que a mulher podia se chamar Ana, Patrícia ou Margarida, pois Rafael, por ser muito tímido, não teve coragem de falar com sua flor, dando-lhe assim um nome, típico do amor.
“E o que é o amor?”, pensou o menino enquanto se distanciava de sua amada que, de pé, atrás da vitrine de uma loja, lhe acenava. Ele sorria vermelho e corria apressado para chegar a sua casa, pois a noite passaria e logo no outro dia tornaria a vê-la. E assim se passaram dias, dias e mais dias, mas o garoto não tinha coragem de lhe falar. Quanto tempo esperaria? Não sei dizer, talvez um dia, um ano ou até nunca mais!
Na mesa do jantar, sua mãe entreolha o pai e diz:
– Olhe o olhar desse menino! O que é que há com ele? Não come, não bebe. Apenas suspira e tranca-se dentro de si.
Ao ouvir essas palavras, seu pai, batendo-lhe nas costas, disse:
– Deixe o menino. Não vê que esses são olhos apaixonados? Bem sabíamos que este dia chegaria.
Será mesmo? Será o amor que me veio lançar sorte? Justo eu, burlesco e condoído? Será que a sabedoria de meu pai é capaz de alcançar as raias do coração?
E pensando exatamente nisso foi que o menino não dormiu, passou a noite toda em claro imaginando o olhar de sua amada, o brilho de seus cabelos, seu rosto agudo e lábios vermelhos. Quantos anos terá? Será muito mais velha? Ou será que minha idade basta? Não sei o que fazer, pois coragem me falta, mas enquanto vir amor em seus olhos e ternura em seu aceno é lá todos os dias onde vou estar.
E no outro dia levantou cedo, banhou-se, perfumou-se. “Quem sabe ela vem me falar?” O menino, no auge de seus 13 anos está apaixonado e, assim como todos os dias em que tem observado sua amada pelo vidro frio daquela loja, lá estava ele novamente a suspirar.
Mas veio algum tempo depois a dona da loja, senhora corpulenta, de olhar doce e voz gentil. Ela veio incerta, passos rasos, mão na cabeça, outra na cintura. Olhos nos olhos de Rafael, e este tremia por medo qualquer. Ela então disse:
– Menino, responda algo para mim: Por que você passa todos os dias assim, olhar distante, suspirando nervoso, observando esse manequim?
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